Marcos de Araújo Oliveira e Esteffane Viana Felisberto

AS MULHERES MEDIEVAIS NA ERA DIGITAL: MEDIEVALISMO, ESTUDOS DE GÊNERO E A CONSTRUÇÃO DO SABER HISTÓRICO

 

Marcos de Araújo Oliveira e Esteffane Viana Felisberto

 

Introdução


Ao se analisar a produção de um saber histórico escolar, Schmidt e Garcia (2003) apontam que o mesmo só pode ser produzido a partir da investigação, reflexão, prática e tomada da consciência histórica, feita pelos alunos e mediada pelo professor, podendo-se inclusive recorrer a novas tecnologias para tal exercício.

 

Vale salientar que há extensas possibilidades de mecanismos didáticos que aproximam o educando de contextos históricos que muitas vezes são encarados como distantes, visto no estudo da Idade Média, período histórico ainda permeado de estereótipos e preconceitos.

 

Desse modo, os estudantes, ao estudarem a Idade Média, já chegam na sala de aula manifestando várias percepções do que seja o Medievo ou determinados eventos de tal época, justamente por assimilarem produções culturais contemporâneas que tem a Idade Média como plano de fundo - a exemplo de filmes e jogos e das próprias redes sociais, muito fortes na era digital em que vivemos. Sendo assim, o professor precisa estar atento para mediar esses conhecimentos sobre a Idade Média em sala.

 

Na internet, principalmente em redes sociais, temos em diversas páginas e perfis produtores de conteúdo sobre a história medieval. Portanto, a construção de representações de determinadas figuras ou eventos se tornam muito úteis ao serem utilizadas para aprendizagens históricas. Tais conteúdos online são impregnados de novos significados, pois, conforme explica Chartier (1990), a representação consiste na formulação de uma nova imagem, que substitui as “ausências pela presença”, o que gera novos sentidos ao objeto representado.

 

Ao usar a Internet para propor aprendizagens acerca de assuntos cada vez mais necessários para a tomada da consciência histórica, vemos que os estudos de gênero necessitam ter maior enfoque no ambiente escolar. Nota-se, porém, que, no meio virtual, há uma expansão no conteúdo que se volta a uma História das Mulheres Medievais, com especial atenção para o fenômeno do Medievalismo, que é responsável pelas reconstituições e representações da Idade Média em séculos posteriores.

 

Desse modo, professores também devem estar abertos ao diálogo em sala de aula diante dessas visões acerca do Medievo, consequência das representações midiáticas e culturais da Internet no século XXI. Ao se trabalhar em sala a História das Mulheres Medievais, seja por meio dos posts de Facebook ou Instagram, podemos refletir com temáticas que tragam uma perspectiva de protagonismo e visibilidade a essas mulheres, que muitas vezes tão negligenciadas em antigos discursos historiográficos, mas que ganham novos contornos no mundo virtual.

 

O percurso da História Feminina em contextos Medievais

 

Ao se ampliar o debate sobre a função da História, podemos apontar que essa ciência humana, durante o século XX se tornou base de estudos de questões sociais que se ramificaram para diversos campos, nos quais os sujeitos históricos tornam-se o centro dos estudos. Dentre esses campos surgiu a perspectiva da História das Mulheres, cada vez mais responsável por discutir a condição e atuação feminina na história.

 

Entre algumas autoras que dialogam sobre tal assunto, Joan Scott (1992) analisa a História das Mulheres, indicando que a intenção inicial deste estudo era destacar a ideia de uma mulher “heroína e partidária”. Essa perspectiva surgiu na década de 70 do século XX, quando as pesquisas históricas ampliaram seu campo de atuação e seus objetos, afastando-se da História voltada apenas para a política e estudando a vida privada, o que resultou num aprofundamento dos cotidianos femininos.

 

Posteriormente, na década de 1980, foi desenvolvida a ideia de um desvio dessa história partidária e socialista para uma história voltada e vinculada à ideia de “gênero”, proporcionando a esse campo de estudo uma característica própria. Scott (1992) esclarece ainda que essa análise se originou com as construções sociais e literárias de cada escritor, justificando que aquilo que ocasionou o desenvolvimento do assunto foi se aprofundar nas vivências femininas, ampliando-se ainda mais os debates.

 

A obra História das Mulheres: A Idade Média, publicada originalmente em 1990 e traduzida para o português em 1992, norteia uma discussão importante da História das Mulheres no Medievo. Composta por capítulos que descrevem a vida das mulheres durante o período medieval, a obra debate tópicos importantes da condição feminina na Idade Média, como o imaginário, educação familiar e espaços de atuação, tendo uma contribuição satisfatória para os estudos sobre as mulheres medievais, pois reúne diversos textos sobre a existência dessas personagens, assim como o seu lugar social ocupado, refletindo sobre aspectos importantes da Idade Média.

 

Neste livro, Georges Duby e Michelle Perrot (1992) esclarecem o papel da construção social sobre a história das mulheres, vista como um espelho para introduzir novos pontos de vista e mudanças de algumas perspectivas, ou seja, não se referem ao surgimento de uma nova história, mas sim à reavaliação de uma história dita como “tradicional”, com novas interpretações de fontes já existentes.

 

Os autores expõem a perspectiva de que: “o que caracteriza a mulher no medievo não é o modelo que ela prega na sociedade, mas o olhar que os homens impõem sobre as personagens” [DUBY; PERROT,1992, p. 07]. Wemple (1992) também faz uma reflexão acerca dos desafios vivenciados por essas mulheres graças ao forte condicionamento religioso com a submissão perante sujeitos masculinos, e sobre os modos de transgressões, já que essas sujeitas não eram apenas passivas.

 

Renato Drummond Tapioca Neto (2019) afirma que essas mulheres, ao ganharem um olhar de independência dentro das escritas históricas, acabaram transpondo a oralidade com enfoque para novas narrativas. Com isso, alguns romances escritos durante a metade do século XX (século que se fortaleceu o movimento feminista) passaram a ter essas mulheres como figuras emancipadas, cujas personagens se tornam objeto principal da escrita (TAPIOCA NETO, 2019, p.18).

 

Portanto, todo o processo de visibilidade da escrita historiográfica sobre as mulheres no Medievo ocorreu com o fortalecimento do feminismo, fazendo que essas personagens ganhassem reapropriações e maior atenção, e acima de tudo, se tornassem protagonistas de seu próprio campo historiográfico. Esse papel de qualificar essas heroínas/mulheres foi fortificado diante da escrita com personagens femininas do contexto medieval, alavancada pelos estudos de gênero.

 

Tais contribuições do movimento feminista perpassaram não só centro acadêmicos, mas gradativamente adentrou também os currículos escolares, nos quais o ensino de História já procura também evidenciar essa atuação da mulher medieval. Deve-se também levar em conta a perspectiva dos estudos de gênero. Tal conceito de gênero é explicado por Scott (1995) como categoria útil de análise histórica, que compreende as construções sociais e culturais dos papéis que são naturalizadas aos sexos.

 

Diante desse panorama que abrange a educação sobre as temáticas das realidades femininas no Medievo, é preciso incentivar o aluno a ser ativo na construção do seu conhecimento; não apenas decorando, mas compreendendo de forma analítica os aspectos culturais, sociais e do imaginário, para assim compreender a situação e as várias condições dessas figuras. Elas não podem ser vistas como sujeitas uniformes, já que havia uma gama de trajetórias e percursos as quais as mulheres no Medievo podiam inserir-se. Portanto, este ensino pode requerer o uso de meios pedagógicos mais interativas, como a Internet, capaz de aprofundar ainda mais tais debates.

 

Medievalismo e sua força na contemporaneidade

 

Ao se falar de Idade Média, é inegável reconhecer que geralmente os símbolos que remetem ao Medievo são os castelos, cavaleiros, donzelas, clérigos, reis e batalhas grandiosas, que crescem no imaginário popular criando uma visão que nem sempre condiz com o retrato mais verídico daquele período. Em sala de aula, é preciso adotar um filtro entre aquilo que é representado no meio digital com o que é evidenciado pelos fatos históricos, pois se torna essencial que o estudante saiba identificar a Idade Média muito além dos contos que envolvem fadas, dragões e mortes por duelos de espadas.

 

Mas, para se entender como trabalhar a mediação que discuta essas representações com estudantes, é necessário também entender como esse fenômeno de expansão das representações acerca do Medievo ganham força na contemporaneidade e assim passam a fazer parte do imaginário dos alunos, por isso precisamos nos atentar ao conceito de Medievalismo. De acordo com Lima (2019, p. 20)

 

“A Idade Média constitui um tempo e um objeto de investigação reinventado, sonhado e difundido por diferentes veículos. Nas últimas décadas assiste-se, em especial nos Estados Unidos e em algumas historiografias europeias, como a francesa e a inglesa, o desenvolvimento de estudos acerca da recepção da Idade Média pelos séculos posteriores, reapropriação presente na literatura, na arquitetura, no cinema, na música, nas histórias em quadrinhos, etc. Este campo de estudos tem sido denominado de medievalism, em inglês, sendo a expressão utilizada como referência da Society for the study of medievalism, fundada em 1976, e da principal publicação da área, a revista Studies in Medievalism, publicada desde 1979” (LIMA, 2019, p.19-20).

 

Sendo assim, podemos destacar que o Medievalismo consiste no movimento de reapropriação e ressignificações da Idade Média em tempos posteriores, o que é visto de forma muito forte na contemporaneidade. Isto se dá por meio de filmes, livros, programas de TV, festas folclóricas, eventos, batalhas campais, etc.

 

Podemos tomar como exemplos a popularização da série literária “As Crônicas de Gelo e Fogo”, de George R. R. Martin, assim como sua adaptação televisiva “Game of Thrones” (HBO), que se tornaram fenômenos mundiais e possuem em sua narrativa vários elementos ligados a uma cultura e imaginário medieval, como castelos, monarquias e grandes disputas pelo poder, inserindo em sua trama mulheres fortes e corajosas.

 

Contudo, não é incomum ver que no Brasil também se projete aspectos do Medievalismo, um exemplo é a telenovela “Deus Salve o Rei” exibida em 2018 pela Rede Globo, com enredo medieval. Entretanto, para compreendermos melhor tais representações, é preciso saber diferenciar Medievalismo de Medievalística.

 

Nesse sentido, Lima (2019) explica que o termo Medievalismo pode ser utilizado no intuito de remeter às recepções da Idade Média pelos séculos posteriores, especialmente presentes na cultura de massa (quadrinhos, séries e filmes), na literatura, nos jogos (games e board games), na arquitetura, em festivais e no recriacionismo, diferenciando-se da noção de Medievalística, entendida como o campo de pesquisa dedicado ao estudo da Idade Média em diferentes áreas do saber, como a História, as Letras, as Artes, a Filosofia e o Direito.

 

Quando fazemos uma análise do crescente impacto do Medievalismo, notamos que a Idade Média ainda se faz presente das mais diversas formas mesmo após o seu fim de acordo com as datas oficiais, pois ainda que muitas vezes seja do senso comum aceitar que a Idade Média termine com o fim do século XV, o medievalismo torna presente características desse período que podem ser evidenciadas em nossos dias. Esta concepção de uma Longa Idade Média é explicada por Jacques Le Goff:

 

“As mudanças não se dão jamais de golpe, simultaneamente em todos os setores e em todos os lugares. Eis porque falei de uma longa Idade Média, uma Idade Média que – em certos aspectos de nossa civilização – perdura ainda, e às vezes desabrocha bem depois das datas oficiais”. (LE GOFF, 2008, p. 66)

 

Jacques Le Goff (2008) ao trabalhar a noção de Uma Longa Idade Média expõe assim que a Idade Média continua a desabrochar até os nossos dias e que tentar encontrar uma data para o fim da Idade Média é um processo complexo, pois muitas vezes nos prendemos a dados cronológicos, entretanto cada lugar tem suas especificidades, não havendo uma programação correta de início ou fim, mas processos de aculturação da Idade Média.

São tais aspectos desses “desabrochar” da Idade Média que conseguimos enxergar cada vez mais no Medievalismo, o que faz com que muitas vezes ao invés de encarar o período medieval como algo distante, são exemplificadas outras formas possíveis de se olhar para o passado, trazendo novas interpretações e (re)imaginações daquela época, que podem ser trabalhadas na sala de aula e aplicadas por meio do que é evidenciado em conteúdo online.

 

Nota-se, que o universo cultural dos jovens (e adultos) está permeado por uma esfera midiática que engloba cada vez mais representações que adotam o Medievo como eixo central, visto em páginas do Instagram e perfis do Facebook, que diariamente compartilham imagens e textos, comprovando essa longa Idade Média.

 

Mulheres medievais na Internet: uma nova produção da História das Mulheres

 

Nota-se, que, com o advento das redes sociais no século XXI, a escrita historiográfica tem perpassado os discursos em páginas de papel e se fortalecendo também em telas touchscreen pelo meio virtual. É comum na web ter páginas que repercutem uma História das Mulheres Medievais de forma responsável e compromissada com a divulgação de um saber histórico, procurando a quebra de preconceitos sobre essas mulheres, dando visibilidade as mesmas.

 

Vemos como exemplo, as páginas “História em Série”, “Lady Melusine” e “Rainhas trágicas”, que se dedicam a divulgação de imagens e textos que enveredam por novas perspectivas acerca das figuras femininas muitas vezes obscurecidas em narrativas historiográficas, acumulando assim milhares de seguidores.

 

De forma interessante, esses perfis costumam trazer em seus posts, cuja temática é a abordagem de alguma personagem feminina ou algo ligado a realidade das mulheres medievais, imagens de uma obra audiovisual que represente tais figuras, além de um texto historiográfico, resultando num diálogo entre essas esferas representativas - texto histórico e imagem. Isso é exemplificado em um post do perfil “História em Série”:

 

   



Foto 1. Publicação do perfil “História em Série” no Instagram, datado do dia 26/03/21.

 

O conteúdo divulgado pelo perfil “História em série” (@historialistas, no endereço eletrônico do Instagram) aborda o protagonismo de Catarina de Aragão (1486-1536), princesa espanhola e rainha consorte da Inglaterra. Na publicação, há uma imagem da atriz Charlotte Hoppe, como a infanta espanhola na série “The Spanish Princess” (2019-2020) do canal Starz, acompanhada de um trecho do artigo “As várias representações de uma rainha: o protagonismo de Catarina de Aragão (1486-1536) na perspectiva da história das mulheres”, publicado pelos historiadores Marcos de Araújo Oliveira e Janaína Mendes da Silva, em 2021.

 

Porém, temos na web não só perfis que expõem a crescente visibilidade de figuras femininas medievais, mas que também problematizam o tratamento misógino que muitas delas receberam nesse período. Destacamos como exemplo a publicação compartilhada na página “Rainhas Trágicas”. Nesta publicação da página administrada pelo historiador Renato Drummond Tapioca Neto, temos um texto falando das mulheres intituladas como “she wolves” (as lobas), francesas que eram reinantes em terras inglesas.

 

 

 

  

 

Foto 2. Publicação do perfil “Rainhas Trágicas” no Facebook, datada do dia 23/03/21.

 

O texto do historiador revela os preconceitos da sociedade para com tais mulheres reinantes, pois nesse contexto o poder na mão de figuras femininas era visto como algo não natural, e muitas vezes essas rainhas eram demonizadas, impregnadas numa má fama perante o imaginário da época. Entretanto, Tapioca Neto destaca que com os novos estudos de gênero e sexualidade, esses estereótipos vêm sendo descontruídos historicamente.

 

Desse modo, é que o meio virtual vem se apropriando tanto de representações visuais e midiáticas como da linguagem histórica para suscitar debates importantes acerca de protagonismos ou silenciamentos femininos na Idade Média. Conforme explica Tapioca Neto (2019) o diálogo entre a História com outras áreas do conhecimento, como a literatura ou a memória, se constitui numa valorosa ferramenta para o pesquisador, permitindo que outros pontos de vista sejam explorados para a construção do saber histórico.

 

Esses saberes históricos da web, podem receber o olhar do professor para uma mediação que interaja com formas de se refletir a História das Mulheres Medievais (e até de outros contextos históricos), sendo a Internet um caminho possível a essa produção, considerando os seus benefícios de pesquisa e aprendizagens históricas, carregados de vantagens didáticas, desde que se fuja de informações sem embasamento histórico.

 

De acordo com Paulo Freire, em sua obra clássica Pedagogia da Autonomia (1996), quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender participamos de uma experiência total, seja diretiva, política, ideológica e pedagógica, em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade. Sendo assim, ensinar um conteúdo tão complexo, que envolve cerca de mil anos de acontecimentos, como é a Idade Média, e ainda explorar a realidade feminina em suas infinitas perspectivas, exige autenticidade, ou seja, requer ofertar ao aluno diferentes formas de aprender, e isso pode ocorrer por meio da Internet.

 

Desse modo, a infinidade de conteúdo online que tem como propósito a elucidação de debates históricos em redes sociais, pode ampliar o leque de possibilidades entre o historiador e a produção de discursos, pois quanto mais essas narrativas historiográficas online são acessíveis, mais podem ser introduzidas no ambiente escolar para que professores e estudantes ponham em prática a produção do conhecimento histórico em sala de aula e até mesmo a valorização de figuras femininas do Medievo, sejam passivas, reinantes, submissas ou rebeldes.

 

Considerações finais

 

Joan Scott (1995) esclarece que uma metodologia implica não somente uma nova história de mulheres, mas também uma nova história, sendo que a maneira pela qual esta nova história iria incluir a experiência das mulheres e dela dar conta, dependia da medida na qual o gênero podia ser desenvolvido como uma categoria de análise. Desse modo, escrever uma História das Mulheres Medievais requer compreender a importância do gênero como catalizador de debates, ao nos apresentar as construções sociais e culturais para essas mulheres no Medievo.

 

Percebe-se, que ainda que a Idade Média seja um período histórico encarado como distante para muitos, a infinidade de representações e recriações das mulheres do Medievo se faz cada vez mais presente na nossa própria cultura por meio do Medievalismo no mundo virtual, responsável por compartilhar inúmeras representações e narrativas sobre as mulheres medievais.

 

Portanto, o trabalho pedagógico para o ensino de História nas escolas deve pautar-se em mecanismos possíveis. Com base nessas narrativas cada vez mais difundidas em redes sociais e que tem alcance com jovens estudantes, é possível utilizar tais conteúdos, tanto os textos historiográficos como as imagens sobre essas mulheres. Sendo assim, na análise dos discursos sobre a atuação feminina na Idade Média, surgem importantes reflexões, estimulando o protagonismo dos próprios estudantes que ao se voltarem a uma História dessas mulheres vistas em posts virtuais, aprendem a historicizar eventos e a desenvolver uma consciência histórica.

 

Referenciais bibliográficos

 

Marcos de Araújo Oliveira é graduado em Licenciatura plena em História pela UPE – Universidade de Pernambuco, no campus Petrolina (2016-2019). É Pós Graduado em Ensino de História pela FUNIP- Faculdade Única de Ipatinga.

 

Esteffane Felisberto Viana é graduada em Licenciatura plena em História pela UPE – Universidade de Pernambuco, no campus Petrolina (2016-2019).

 

CHARTIER, Roger. Introdução. In:______, A História Cultural: Entre Práticas e Representações. Rio de Janeiro: Bertrand, 1990. p. 13-28.

 

DUBY, Georges; PERROT, Michelle. Apresentação. In:_____. História das mulheres: A Idade Média. Vol. 2. Porto: Afrontamento, 1992.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

 

LE GOFF, J. Uma longa Idade Média. In:______. Em busca da Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 51-86.

 

LIMA, Douglas Mota Xavier de. O medievalismo no Brasil e o seu potencial pedagógico. In: BIRRO, Renan Marques; BUENO, André; ESTACHESKI, Dulceli; NETO, José Maria de Sousa (Orgs.). Aprendendo História: Ensino & Medievo. União da Vitória: Edições Especiais Sobre Ontens, 2019. p. 19-26.

 

SCHMIDT, M.A.; GARCIA, T.M.F.B. O Trabalho Histórico na sala de aula. História & Ensino, Londrina, v. 9, out.  2003. p. 219-238.

 

SCOTT, Joan. História das mulheres. In: A escrita da História. Novas perspectivas. Peter Burke (Org.). São Paulo: Editora Unesp, 1992, p. 63-95.

 

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Revista Educação & Realidade. Porto Alegre, vol. 20, nº 2, jul./dez. 1995, p. 71-99.

 

TAPIOCA NETO, R. D. Rainhas na internet: a desconstrução de estereótipos e sua abordagem junto ao público do blog “Rainhas Trágicas”. In: XXX Simpósio Nacional de História. ANPUH - Brasil. Recife, 2019.

 

WEMPLE, Suzanne Fonay. As mulheres do século V ao século X. In: DUBY, Georges e PERROT, Michelle (Org). História das mulheres. A Idade Média. Vol. 2. Porto: Afrontamento, 1992, p. 238-244.

 

5 comentários:

  1. Parabéns pelo texto. Creio que sim as mídias digitais é um meio para trazer os alunos para o âmbito historiográfico. E unir esse conhecimento com a mídia contribuir para a construção do saber histórico. Um questionamentos, já aplicaram essa noção em sala de aula, se sim como foi a recepção dos alunos ?

    Att, Jacqueline Ferreira Dias

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    1. Olá Jacqueline , ainda não aplicamos essa noção das mulheres medievais na internet em um ambiente escolar. Porém, esperamos fazer tal intervenção um dia pois acreditamos nos resultados que isso poder gerar na aprendizagem dentro da disciplina de História.

      Obrigado pela sua pergunta.

      Marcos de Araújo Oliveira
      Esteffane Viana Felisberto

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  2. Olá Marcos e Esteffane!

    A reflexão suas sobre as representações de mulheres medievais na internet é extremamente útil.

    Justamente por isso, eu gostaria de suscitar o seguinte debate.

    OK, já sabemos que os movimentos feministas impulsionaram, a partir de meados do século XX, as pesquisas (absolutamente necessárias) sobre as histórias das mulheres. De fato, os "estudos de gênero" permitiram uma crítica das representações femininas forjadas por autores medievais, como Jerônimo de Estridão e Agostinho de Hipona. Mas com as novas mídias, o que nós temos são novas representações, "representações de representações", uma segunda camada de representações sobre as camadas historiográficas e históricas anteriores. Diante disso, a minha primeira pergunta é: o conceito de "medievalismo", que vocês mobilizaram, pode ajudar não só a detectar (como foi a conclusão do texto de vocês), mas também a criticar e desconstruir essas novas representações? Se sim, como?

    A segunda pergunta, mais direta, é: se o conceito de "medievalismo" tiver algum valor positivo, como ele pode agir na construção de um novo "saber histórico" sobre as mulheres medievais? De que maneira ele poderia auxiliar no ensino dessa história?

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    1. Olá Felipe , estamos muito gratos pelas suas considerações.

      Sobre as respostas às duas perguntas:

      Sim, nós acreditamos que o medievalismo seja útil na desconstrução das ideias antes cristalizadas sobre mulheres no medievo . Principalmente porque tem o potencial de ressignificar e reapresentar uma idade média que em anos anteriores foi vista como um período bruto, o que acaba trazendo novos olhares sobre tal período e suas personagens , seja através de desenhos, imagens E a na própria internet como expomos em nosso texto.

      Essa representações podem contribuir para reforçar algumas ideias sobre mulheres no medievo, a exemplo das representações de Joana D’arc que, na maioria das vezes apresenta camadas de uma mulher heroína e santa, ainda que haja controvérsias entre historiadores.
      Ou pode desmistificar ideias antes tidas como verdade no imaginário universal, já que surgem representações mais polêmicas , como por exemplo a de Elizabeth I não mais como uma rainha virgem.

      Então há sim, desconstrução e novas narrativas no Medievalismo diante dos estudos de gênero .


      Em relação ao valor do Mevievalismo para o ensino de História, é possível apontar que os estudos que utilizam dessas representações vão estar dialogando com novas ideias acerca desse período . Não será uma idade média somente do rei , das princesas , castelos etc. Mas também serão trabalhados assim aspectos referentes a condição feminina e a atuação de mulheres nesse período.

      podemos destacar ainda mais essas questões com alunos, seja por meio de vídeos , imagens, textos e outras ferramentas que estabeleçam esse diálogo entre esses discursos - midiático e historiagrafico , o que torna o ensino de história ainda mais enriquecedor.


      Mais uma vez, obrigado pelas considerações.
      Esperamos que nossas respostas tenha sido satisfatórias e nós colocamos à disposição.


      Marcos de Araújo Oliveira
      Esteffane Viana Felisberto

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    2. Obrigado pelas respostas, Marcos e Esteffane!

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