Luciano José Vianna e Antonione Antunes dos Santos

 LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA E GÊNEROS TEXTUAIS

 

Luciano José Vianna 

Antonione Antunes dos Santos

 

A proposta deste trabalho incide em apresentar uma reflexão sobre o livro didático de história em relação ao conteúdo do medievo e de alguns conceitos estruturais na perspectiva dos gêneros textuais inseridos nestes materiais, assim como também em relação aos que surgiram com o avanço das tecnologias e que necessitam ser explorados no uso dos materiais didáticos.

 

O livro didático ainda é o material didático mais utilizado pelos professores, pais e alunos. Além disso, é um instrumento pedagógico enraizado na tradição escolar brasileira e que interfere ativamente na metodologia de trabalho do professor (BITTENCOURT, 2013). Nos últimos anos, os materiais didáticos foram adaptados às novas demandas ocasionadas pelos meios digitais. Porém, o livro didático não entrou em desuso, pelo contrário, abriu novas possibilidade para o ensino.

 

Silva (2011), afirma que “o livro didático de história apresenta uma visão específica do passado, elaborada a partir de valores, intencionalidades e contextos sociais, culturais e institucionais dos autores. Assim, são imprescindíveis os esforços de compreensão dos critérios de seleção dos eventos narrados, da eleição de personagens e das próprias estruturas narrativas de tais livros. Portanto, o próprio livro didático deveria ser objeto de indagação, envolvendo os vários elementos que interferem na sua produção, circulação e consumo” (SILVA, 2011, p. 11). Assim, ele alimenta ideologias e valores que necessitam ter padrões linguísticos, iconográficos que propiciem uma comunicação objetiva ao receptor, nesse caso, os alunos. Por exemplo, o professor, ao tratar de um determinado tema, carece analisar a ordem dos conteúdos, os capítulos, os conceitos, as ilustrações, as imagens, os resumos, os objetivos, as atividades e outros aspectos presentes no livro didático para que o conteúdo trabalhado consiga transmitir sua mensagem com eficiência. Nesse ponto, definimos o livro didático como transmissor comunicativo, estruturado em gêneros textuais, com finalidades de transmitir uma mensagem didática.

 

Marcuschi (2008, p. 161), afirma que “os gêneros textuais são atividades discursivas estabilizadas que servem aos mais variados tipos de controle social e até mesmo o exercício de poder”. Nessa concepção, os livros didáticos são produzidos e estruturados com gêneros textuais, através dos quais o sujeito que domina as ações discursivas expostas nos livros didáticos ampliará o leque de possibilidades do ato de lecionar. Neste sentido, o professor de História necessita dominar as construções dos gêneros textuais/discursivos de seu principal material de trabalho através de uma prática interdisciplinar com conhecimentos oriundos das disciplinas de Língua portuguesa e de História.

 

De acordo com a BNCC, o trabalho didático do professor de História é direcionado por “indagar, identificar, analisar e compreender os significados de diferentes objetos, lugares, circunstâncias, temporalidades, movimentos de pessoas e saberes”, (BRASIL, 2017, p. 397). Para isso, é necessário que o sujeito conheça as diferentes linguagens e narrativas presentes nos livros didáticos, pois, “o ensino de história está condicionado aos processos de identificação, comparação, contextualização, interpretação e análise de um objeto” (BRASIL, 2017, p. 398). Dialogando com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a linguagem é uma “uma forma de ação interindividual orientada para uma finalidade específica; um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes numa sociedade, nos distintos momentos de sua história” (BRASIL, 1998, p. 20). Nesse cenário, “é fundamental considerar a utilização de diferentes fontes e tipos de documentos (escritos, iconográficos, materiais e imateriais) capazes de facilitar a compreensão da relação tempo e espaço e das relações sociais que os geraram (BRASIL, 2017, p. 398). As diferentes fontes citadas na BNCC são a base a ser explorada pelos conhecimentos de gêneros textuais. Ou seja, pode-se utilizar nas aulas de história a análise dos enunciados presentes em cada gênero textual, explorar sua função social presente em cada documento e texto exposto no livro didático, assim como também entender a estrutura que compõe esse material e o impacto que possivelmente cause ao leitor. Além disso, levantar hipóteses sobre as produções e questionar quem as escreveu ou as produziu, para quem, e qual o objetivo e finalidade comunicativa de cada enunciado.

 

Gêneros textuais e livros didáticos de História

 

Segundo Bakhtin (2011, p. 261), a linguagem está inteiramente “ligada aos diversos campos da atividade humana”, distribuída em esferas de atividades (esfera do cotidiano, a esfera acadêmica, a esfera jornalística etc.) e, ao utilizá-la, o sujeito interage e compartilha mensagens entre interlocutor e receptor, no sentido de que a própria linguagem é a percepção humana pela qual os serem humanos se comunicam e interagem uns com os outros. A materialização da linguagem é condicionada à produção dos gêneros textuais/discursivos e estruturadas a partir de três elementos: o tema, a composição e o estilo.

 

Segundo Rojo e Barbosa (2015), o tema é o elemento mais importante do enunciado, pois todo texto é construído composicional e estilisticamente em referência ao tema. “O tema é o sentido de um dado texto tomado como um todo, ‘único e irrepetível’, justamente porque se encontra viabilizado pela refração da apreciação de valor do locutor no momento de sua produção. É pelo tema que a ideologia circula” (ROJO; BARBOSA, 2015, p. 88). Roja e Barbosa (2015) definem a composição estrutural dos gêneros textuais como a organização e o acabamento de todo o enunciado proferido, expandindo a temática, através de uma estrutura textual coerente e coesa. A mesma deve ser utilizada considerando alguns pontos: a finalidade, os interlocutores, a situação e o conteúdo. Cada um desses itens dimensionará a importância ideológica do receptor, podendo-se criar uma relação entre a linguagem e ação social do texto com o sujeito: “o estilo do gênero diz respeito ao uso típico dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua” (RODRIGUES, 2005, p. 168). Faraco (2009, p. 137) complementa esta ideia ao dizer que “as seleções e escolhas são, primordialmente, tomadas de posição axiológica frente à realidade linguística, incluindo o vasto universo de vozes sociais”. Neste sentido, Bakhtin entende que o estilo se constrói a partir de uma orientação social de caráter apreciativo no interior do gênero discursivo, logo, o estilo de cada composição enunciativa é feita a partir de uma seleção individual, porém, de natureza sociológica.

 

Bazerman (2006, p. 23) define os gêneros textuais como “formas de vida, modo de ser. São frames para a ação social. São ambientes de aprendizagem para a aprendizagem. São lugares onde o sentido é construído. Os gêneros moldam os pensamentos que formamos e as comunicações através das quais interagimos. Gêneros são os lugares familiares para onde no dirigimos para criar ações comunicativas inteligíveis uns com os outros e são modelos que utilizamos para explorar o não-familiar”.  Nessa perspectiva, os gêneros textuais são a materialização do discurso emitido das ações humanas estruturados de acordo o nível educacional do sujeito. Assim, delimitando para os livros didáticos, os mesmos são produzidos como suporte de vários gêneros textuais, produzidos em vários lugares com funções específicas, mas que são reproduzidos nos livros didáticos com uma nova finalidade, a pedagógica. Esses gêneros reproduzidos estarão em uma nova ambientação de sentido para os novos interlocutores, interagindo na criação de ações comunicativas e possibilidade de exploração dos conteúdos trabalhados no livro. Dentre os diversos gêneros que englobam as inúmeras situações comunicativas e que podem fazer parte do livro didático de história, e até mesmo ser consideradas fontes históricas, temos: o sermão, o romance, o bilhete, as notícias, as propagandas, os guias turísticos dentre outros. Todos, eventos ativos que possuem relação essencial com as atividades e as necessidades de uma sociedade. Inclusive, “os gêneros textuais surgem emparelhados a necessidades e atividades socioculturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje existentes” (MARCUSCHI, 2005, p. 19).

 

Livros didáticos de História e a interação com a tecnologia

 

De acordo Pereira (2007, p. 3), “a preocupação do ensino de história é levar os estudantes a compreenderem como se constrói conhecimentos nessa área, a trabalhar com as fontes e a problematizá-las; o texto didático, ferramenta indispensável na sala de aula, deve tornar a investigação pública e acessível às novas gerações”.  Recuperando as ideias de Moreira e Candau (2008), os mesmos afirmam que as escolhas dos conteúdos é fator que em si só não basta para a transmissão da cultura no meio escolar, existe a necessidade de torná-los efetivamente transmissíveis e assimiláveis, o que exige transposição didática. Nessa condição, os livros didáticos, segundo Bittencourt (2013, p. 72), “são um depositário dos conteúdos escolares, suporte básico e sistematizador dos conteúdos elencados pelas propostas curriculares”. Porém, com o avanço das tecnologias da informação, o livro didático deixou de ser o único local que os alunos teriam acesso a informações sobre os conteúdos trabalhados pelo professor, passando a terem acesso, em uma velocidade muito grande, a uma gama de informações. Dessa forma, as fontes citadas no livro didático podem ser facilmente verificadas com uma simples pesquisa na internet.

 

Porém, de acordo com Ralejo e Costa (2013), o ensino de história, partindo do livro didático, deve proporcionar a acessibilidade aos diversos tipos de linguagens (gêneros textuais) que buscam a interatividade aos objetivos didático-pedagógico através do “uso dos sites, referências de imagens e fontes utilizadas neles, orientação para o professor visando sua exploração, integração dos sites com os conteúdos, utilização dos mesmos em diferentes situações de ensino-aprendizagem, informações complementares e orientações que auxiliem os alunos a explorar o conteúdo e os recursos disponíveis e a oferta de recursos variados quanto às possibilidades de significação história”. São ferramentas que, se utilizadas didaticamente, proporcionarão uma interação maior entre professor – aluno – mundo. Pois, o ensino do presente caminha para a adaptação dos nativos digitais que já nascem com uma enorme necessidade de interação e com pensamentos imediatistas, nos quais a dúvida deve ser sanada imediatamente com uma simples pesquisa no Google. Portanto, os livros didáticos devem aproveitar esse caminho e estimular a pesquisa e o aprofundamento dos conteúdos abordados e o explorar para além do livro.

 

Ensino de história medieval: partindo do livro didático para o mundo

 

A seguir, realizamos uma de análise de um trecho retirado de um livro didático de história do 6º ano do Ensino Fundamental II, com o objetivo de perceber a riqueza de informações que podem ser exploradas a partir do conhecimento dos gêneros textuais.

 

O livro didático, material de trabalho do professor é repleto de gêneros textuais. O primeiro deles é o próprio texto didático, que apresenta, além da própria narrativa histórica, conceitos e definições que situam o leitor com o conteúdo abordado.

 

Vejamos como o livro do aluno História – Sociedade e Cidadania (2018, p. 220) introduz o conceito de sociedade feudal: “No ano 1000 (séc. X), a sociedade da Europa ocidental era formada basicamente por três ordens ou grupos sociais: os clérigos (os que oram), os nobres (os que guerreiam) e os trabalhadores (que, com seu serviço, sustentavam a todos). Os clérigos eram chamados de oratores, os nobres, de bellatores, e os trabalhadores, de laboratores”.

 

Em primeiro lugar, por se tratar de um trecho de um texto retirado do livro didático, subentende-se que o mesmo foi produzido para transmitir um conhecimento histórico para o receptor, e assim, pertencente a esfera de atividade humana na área educacional e classificado como gênero textual texto didático. Segundo Oliveira (2018), esse tipo de gênero textual tem como finalidade a pedagógica, disposto de maneira a que todos os leitores tenham a mesma conclusão. Por isso, ele é considerado um texto utilitário de maneira conceitual, primando pela necessidade do interlocutor de compreender o assunto exposto.

 

Utilizando os conceitos abordados anteriormente, identificaremos a seguir o tema, o estilo e composição estrutural do fragmento destacado. Isso apresentará uma visão diferenciada do fragmento com pontos relevantes que poderão ser abordados pelo professor durante a aula.

 

O tema identificado é composto pela narração de um conceito histórico, no caso, o da sociedade feudal, formada basicamente pelas três ordens e as situando no tempo e no espaço, ou seja, no ano 1000 (sec. X) e na Europa Ocidental. O estilo desse texto didático foi produzido dentro de uma característica didática, ou seja, a de tentar apresentar o máximo de informações para o leitor, além de utilizar o recurso do uso dos parênteses com breves informações explicativas. Por fim, a composição estrutural está formada por uma sequência narrativa e descritiva, caracterizada pela utilização do verbo no pretérito perfeito, com o intuito de demostrar que são ações e fatos já ocorridos e concluídos.

 

Após esta identificação, alguns questionamentos em relação ao tema apresentado podem ser realizados: quais eram os territórios pertencentes a Europa Ocidental nesse período histórico? Quais foram os acontecimentos que levaram a sociedade da Europa Ocidental neste momento histórico a estar dividida em três ordens? Essa divisão em três ordens pode ser generalizada para toda Europa Ocidental? Observamos também, que no trecho do livro didático as três ordens podem ser compreendidas como grupos sociais. Aproveitando essa informação, pode-se abordar o conceito de grupos sociais e questionar quais são os grupos sociais mais e menos privilegiados na sociedade na atualidade.

 

No trecho, “A sociedade da Europa era formada basicamente por três ordens”, é uma afirmação bastante criticada pelos Medievalistas. O questionamento a ser feito aqui é: qual é a função da palavra “basicamente” citada no texto? Ao levar isso para a sala de aula, o docente terá a oportunidade de discutir a identificação equivocada que se faz entre Idade Média e Feudalismo, podendo destacar que se tratam de aspectos distintos. Assim, haverá a oportunidade de levantar algumas reflexões complementares: entre os povos da Europa Ocidental deste contexto temporal, possuindo vários povos, todos seguiam a divisão das três ordens?

 

Também se observa que no texto são utilizadas as palavras oratores, bellatores e laboratores, escritas em latim. Fazendo um trabalho interdisciplinar, os alunos poderão pesquisar qual a influência do latim para as línguas românicas, incluindo a língua portuguesa. 

 

Outro gênero textual que pode ser utilizado em conjunto com o livro didático na abordagem do Medievo, são os jogos digitais. Segundo Cajueiro (2014), os jogos digitais são gêneros textuais que possuem formas discursivas compostas com uma temática e um estilo e que empregam uma variedade lexical aos diversos campos de conhecimento, inclusive a pedagógica. Dentre muitos, pode-se destacar, para o ensino do Medievo, aproveitando o trecho recortado do livro didático, o Minecraft, um jogo de criação de mundos e aventuras. Entretanto, vale ressaltar que este jogo não possui um objetivo específico, ocasionando, portanto, liberdade para o usuário (FRANCISCO, 2018).

 

Por se tratar de um jogo que parte do princípio de construções de paisagens, pode-se propor a criação de uma sociedade no âmbito do feudalismo, com base no que é retratado no livro didático, com a presença das três ordens, através de uma proposta interdisciplinar entre algumas disciplinas e conceitos, tais como Geografia (formação da superfície), Língua portuguesa (com a produção de um enredo envolvendo as três ordens) e o conceito de sociedade (abordado na disciplina de História).

 

Para Gee (2008, p. 08), a utilização de jogos digitais nas aulas é interessante, “pois prepararam as pessoas para pensar e entender melhor, por que elas podem (...) simular uma experiência de tal forma que as simulações as preparam para as ações que elas querem e precisam tomar” e vivenciam, mesmo que virtualmente, o modo de vida de uma população inserida em um contexto histórico. Um exemplo de trabalho na aula de história com o uso do jogo Minecraft no conteúdo do Medievo foi proposto por Andrade e Martins (2017, p. 5). Eles escolheram alguns castelos medievais que pudessem indicar o cotidiano medieval mediante sua construção. Foram escolhidos o Castelo do Ovo em Nápoles (Itália), O castelo de Guedelon em Treigny (França) e o Castelo de Lichtenstein em Swabian Jura (Alemanha).

 

 

Considerações finais

 

Diante do que foi abordado, a linguagem é um mecanismo de interação entre os sujeitos nos diversos campos de atividades desenvolvidas pelos humanos e materializados através dos gêneros textuais. Nessa perspectiva, o livro didático, documento social e público, sistematizador de conteúdos e delimitado pelas políticas públicas, aparece como um suporte dos mais variados gêneros textuais com a finalidade comunicativa de transmitir uma determinada mensagem. O estudo dos gêneros textuais presentes nos livros didáticos de história se apresenta como uma possibilidade de exploração dos conteúdos e um meio de trabalhar a reflexão crítica dos alunos. Nesse contexto, deve-se levar em consideração que o livro didático não é detentor de todos os conteúdos, mas que o professor deve trabalhar a compreensão e interpretação dos textos discursivos e explorá-los para além do livro didático. É notável que os livros vêm se adaptando as novas tendências comunicativas e aos gêneros textuais/digitais que surgiram nos últimos anos. Um exemplo são os jogos digitais, que deixaram de ser somente um entretenimento e passaram a ser um complemento aos conteúdos abordados nos livros didáticos. Isso só é possível desde que haja um planejamento prévio, analisando cada item estrutural de cada gênero textual que será utilizado durante a abordagem do conteúdo. Assim, será possível termos aulas mais dinâmicas que proporcionem uma aprendizagem crítica e prazerosa aos alunos.

 

Referências biográficas

 

Luciano José Vianna é Professor Adjunto de História Medieval da Universidade de Pernambuco/campus Petrolina. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares (PPGFPPI) da Universidade de Pernambuco/campus Petrolina. Doutor em Cultures en contacte a la Mediterrània pela Universitat Autònoma de Barcelona (UAB). Pós-Doutor em História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Membro do Institut d’Estudis Medievals (UAB-IEM), da ANPEd e da ANPUH (PE). Coordenador do Spatio Serti – Grupo de Estudos e Pesquisa em Medievalística (UPE/campus Petrolina).

 

Antonione Antunes dos Santos é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares (PPGFPPI) da Universidade de Pernambuco/campus Petrolina e integrante do Spatio Serti – Grupo de Estudos e Pesquisa em Medievalística (UPE/campus Petrolina). Atualmente está produzindo a dissertação intitulada provisoriamente “As diversas linguagens sobre o Medievo nos livros didáticos de História da rede escolar pública de Pernambuco e Bahia” no PPGFPPI sob a orientação do Prof. Dr. Luciano José Vianna.

 

Referências bibliográficas

 

ANDRADE, Rosana; MARTINS, Nilton Maurício. MAQUETES VIRTUAIS: O USO PEDAGÓGICO DO MINECRAFT NA DISCIPLINA DE HISTÓRIA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. 22º Seminário de Educação, Tecnologia e Sociedade. Rio Grande do Sul, 2017.

 

BAKHTIN, Mikhail. Gêneros do Discurso. Estética da Criação Verbal. Trad. Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 261-306.

 

BAZERMAN, Charles. Gêneros, agência e escrita. São Paulo: Cortez, 2006. 144 p.

 

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. (org.). Livros didáticos entre texto e imagens. In: O saber histórico na sala de aula. 12 eds., 1a reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2013. – (Repensando o ensino). (P. 69-90)

 

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: educação física. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Fundamental, 1998.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base nacional comum curricular. Brasília, DF, 2017.

 

CAJUEIRO, Luiz Eduardo Cerquinho. Gêneros textuais em jogos digitais. Dissertação de Mestrado – Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP. Recife – PE, p. 125. 2014.

 

FARACO, Carlos Alberto. Linguagem e diálogo: as ideias linguísticas do círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

 

FRANCISCO, Cicero Nestor Pinheiro. Uso do minecraft para a produção de contos. 2018. 157 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Letras (PROFLETRAS)) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Garanhuns.

 

GEE, James Paul. Video Games, Learning, and “Content”. In: Miller, Christopher Thomas (org.). Purpose and Potential in Education. Nova York: Springer, 2008.

 

JÚNIOR, Alfredo Boulos. História Sociedade & Cidadania. 4ª ed. São Paulo: FTD, 2018. (Coleção: História Sociedade & Cidadania – 6° ano).

 

MARCUSCHI, Luis Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais e ensino. 4. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

 

MARCUSCHI, Luis Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

 

MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. Petrópolis: Vozes, 2008.

 

OLIVEIRA, Walbe Tavares de. Análise de um Texto Didático. GESTÃO UNIVERSITÁRIA, v. 10, p. 1, 2018.

 

PEREIRA, Nilton Mullet. Representações da Idade Média no Livro Didático. In: XXIV Simpósio Nacional de História, 2007, São Leopoldo. XXIV Simpósio Nacional de História- História e Multidisciplinaridade: territórios e deslocamentos, 2007.

 

RALEJO, Adriana Soares; COSTA, Marcela Albaine Farias da. Pensando a Interface entre os Livros Didáticos de História e as Demandas Tecnológicas: negociações possíveis. In: VII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Transformações e Subversões na Atualidade, 2013, Rio de Janeiro. VII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Transformações e Subversões na Atualidade. Rio de Janeiro: UERJ, 2013. p. 1-11

 

RODRIGUES, Rosângela Hammes. Os gêneros do discurso na perspectiva dialógica da linguagem: a abordagem de Bakhtin. In: MEURER, Jose Luiz; BONINI, Adair; MOTTAROTH, Désirée. Gêneros: teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. p. 152-183.

 

ROJO, Roxane Helena Rodrigues.; BARBOSA, Jacqueline Peixoto. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.


SILVA, Edlene Oliveira
. Livros didáticos e ensino de História: a Idade Média nos manuais escolares do Ensino Fundamental. História & Ensino (UEL), v. 17, p. 35-65, 2011.

15 comentários:

  1. Caros Luciano e Antonione,

    parabenizo-os pela reflexão sobre esse elemento tão importante da educação brasileira, o livro didático.

    Gostaria de lhes perguntar: diante do que vocês detectaram (a defasagem da História Medieval nos livros didáticos utilizados na Educação Básica), vocês vislumbram alternativas para que possamos produzir outros materiais didáticos, além dos livros que passam pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), que sirvam aos professores nas salas de aula e, por ventura, auxiliem os docentes a mitigar essa defasagem?

    Considerando o exemplo citado (os videogames), vocês julgam que a internet, com seus aplicativos, redes sociais etc., poderia nos ajudar a superar essa dependência dos livros didáticos?

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    1. Olá Felipe Augusto, boa tarde!

      Muito obrigado pelas perguntas.

      Sim, é um tema importante e necessário de ser debatido.

      Eu acredito que há várias alternativas para produzir materiais que possam servir aos professores em sala de aula, principalmente através de trocas de relatos de experiências entre docentes, tanto da educação básica quanto do ensino universitário. Este aspecto, ou seja, o vínculo entre o contexto escolar e o contexto universitário, é crucial para que isso ocorra. E o resgate de experiências na formação de professores e na Educação Básica também. Muitas vezes, estas experiências não são compartilhadas. Agora mesmo estou organizando um livro voltado para reflexões sobre a História Medieval entre a formação de professores e o contexto escolar no ensino básico, o qual acredito que será publicado em breve. São 40 capítulos com mais de 50 professores e professoras medievalistas que atuam tanto no ensino básico quanto no ensino universitário, e todos apresentando suas experiências de trabalho a partir do contexto da história medieval. O livro será publicado em um formato online e será de acesso gratuito. Outro caminho que pode muito bem ser explorado são os conteúdos digitais que cresceram e muito nestes últimos meses.

      Sobre a segunda pergunta, em relação ao contexto da internet com as diversas possibilidades de trabalho, acredito que sim, desde que sejam apresentadas propostas metodológicas adequadas para tal. Já estaríamos entrando em um campo da história pública, ou seja, um contexto no qual tais conteúdos "escapam" de um cenário escolar ou universitário, mas, que são importantes de ser trabalhados justamente porque, hoje, muitos alunos fazem parte deste contexto online e muitas vezes podem apresentar referências a partir de tais contextos.

      Luciano José Vianna

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    2. Muito obrigado, Luciano! Fico aguardando, ansiosamente, a publicação do livro que vc está organizando. Abraço!

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    3. Antonione Antunes dos Santos27 de maio de 2021 às 08:32

      Olá Felipe Augusto Ribeiro, bom dia!
      Obrigado pelas perguntas,
      Complementando a resposta do Professor Luciano, vivemos em diversas esferas de atividades que utilizam diversas linguagens, contextualizadas com diversas situações. Na esfera educacional, por exemplo, o livro didático se apresenta com uma variedade de linguagens muito grande, no qual carece ser utilizado de forma responsável, reflexiva e crítica. Porém, com o avanço das tecnologias da informação, o livro didático carece ser complementado com os hipertextos e com os gêneros textuais/digitais/discursivos. Não podemos ter mais a nossa prática docente restrita somente a um material didático. Por isso defendo que todos os professores´, independente da área, conheça os conceitos de gêneros textuais e saiba aproveitá-los na sala de aula. Esse conhecimento os ajudará até mesmo na produção de outros matérias didáticos.

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  2. Antonione Antunes dos Santos27 de maio de 2021 às 08:31

    Olá Felipe Augusto Ribeiro, bom dia!
    Obrigado pelas perguntas,
    Complementando a resposta do Professor Luciano, vivemos em diversas esferas de atividades que utilizam diversas linguagens, contextualizadas com diversas situações. Na esfera educacional, por exemplo, o livro didático se apresenta com uma variedade de linguagens muito grande, no qual carece ser utilizado de forma responsável, reflexiva e crítica. Porém, com o avanço das tecnologias da informação, o livro didático carece ser complementado com os hipertextos e com os gêneros textuais/digitais/discursivos. Não podemos ter mais a nossa prática docente restrita somente a um material didático. Por isso defendo que todos os professores´, independente da área, conheça os conceitos de gêneros textuais e saiba aproveitá-los na sala de aula. Esse conhecimento os ajudará até mesmo na produção de outros matérias didáticos.

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  4. Olá Antonione e Luciano! Obrigado pela participação e reflexão.

    Em conversas com meus alunos do Profhistória, vocês constatam como o livro didático permanece como o principal e recorrentemente o único material de informações e consulta de muitos alunos. Naturalmente, não quero fazer menos desse recurso didático - de fato, é preciso ressaltar sua relevância diante do panorama descrito -, mas é absurdo que, em pleno século XXI, com o avanço do mobile learning e da Educação 4.0, muitos educandos ainda dependam exclusivamente de uma ferramenta criada em pleno século XIX.

    Como vocês mesmos perceberam, porém, o livro didático não é neutro. De maneira similar, eu tenho refletido sobre a agência de desenvolvedores e jogadores em games no intuito de ponderar sobre as limitações subreptícias na criação de iniciativas digitais, mesmo naquelas que se dizem "livres", como RPG's e o Minecraft. Se agregarmos esse problema com o discurso governamental tecnicista e as necessidades impostas pela pandemia, a meu ver, corremos o risco de açodar seus usos e naturalizar representações medievalizantes (o neomedievais) a partir dos recursos pré-estabelecidos pelos game makers, o que certamente não contribuirá para uma melhor compreensão do período. Eu comentei um pouco sobre isso na comunicação que apresentei aqui e percebi que o Vinícius (um dos conferencistas) tem uma opinião distinta. Seria legal dar uma olhada no debate.

    Abraços,

    Renan Birro

    Obs.: Sobre o castelo de Guedelon citado, é importante lembrar que ele é uma reconstituição contemporânea/grande sítio de arqueologia experimental. Sobre o assunto, cf. a tese de João Porto Júnior, que será defendida amanhã e em breve estará disponível online.

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    1. Antonione Antunes dos Santos28 de maio de 2021 às 11:07

      Obrigado professor pelo comentário. Infelizmente, mesmo com todos os avanços das tecnologias que envolvem a educação, a base curricular trabalhada pelo professor continua sendo balizada pelo livro didático. Essa realidade fica mais acentuada quando conhecemos as escolas públicas das cidades pequenas e principalmente as da Zona Rural. Dentro desse contexto, ainda vejo o livro didático como indispensável e principal material didático das escolas públicas, principalmente das que eu tenho contato.

      Sobre o castelo de Guedelon, ele é citado por um dos livros didáticos que são objetos de análise do meu projeto de pesquisa. Inclusive, a sua construção está sendo feita nos moldes das construções medievais.

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  5. Marcos Antonio Pereira da Silva27 de maio de 2021 às 21:18

    Boa noite, Luciano e Antonione!
    sinto-me feliz pela preocupaçao demosntrada em relaçao ao livro Didático, principal ferramente de uso pedagógico das escolas brasileiras. Como docente da rede pública de ensino, utilizo e recomendo o uso do Livro Didático, é claro que o formato do mesmo está ultrapassado, bem como as abordagens que nos conduzem para um trabalho tecnicista, no qual estamos profundamente atrelados. No entanto, percebemos movimentações relevantes para o aprimoramente do Livro Didático na sua totalidade. Vocês acreditam numa revolução positiva em relação à estrutura do mesmo?
    Desde já, agradeço!

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    1. Antonione Antunes dos Santos28 de maio de 2021 às 11:29

      Obrigado Marcos Antonio pela Pergunta. Durante a minha pesquisa sobre o livro didático, percebemos que o mesmo vem evoluindo. Hoje, o livro didático funciona como um hipertexto, interligado com o mundo. Basta o professor se preparar para utilizá-lo. Um dos objetivos da minha pesquisa é analisar essa evolução estrutural do livro didático na perspectiva da linguagem, e captar os principais gêneros textuais utilizados nos livros, e suas mensagens explicitas e implícitas, e por fim, criar um painel dos principais gêneros textuais utilizados nos livros didáticos e criar possibilidades de ensino para os professores.

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  6. Boa noite!
    Eu acho muito interessante a ideia de utilizar o livro didático como um estímulo para a pesquisa e aprofundamento do conteúdo,  isso é algo muito perceptível especialmente nesse momento em que estamos vivendo, livros estão vindo com qr codes com links para as fontes.

    Muito interessante também é a ideia de utilizar jogos, especialmente o Minecraft,  um jogo do qual admito ter pouco conhecimento, como um modo de aprofundar e fazer os alunos se verem em meio a um período histórico.

    Qual outro material, fora os jogos,  vocês consideram possível utilizar em conjunto com os livros didáticos para criar interesse nos alunos para se aprofundarem nos assuntos estudados?
    Att,
    Francielly de Lima Silva

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    1. Antonione Antunes dos Santos28 de maio de 2021 às 11:42

      Obrigado Francielly de Lima Silva pela pergunta. Precisamos como professores termos uma visão ampla da nossa prática. Entender que a utilização do livro didático é um caminho que precisa ser utilizado. Contudo, como profissionais da educação precisamos entender a linguagem dos nossos alunos, como por exemplo o citado no texto, os jogos digitais. Mas existem outras possibilidades, como o ensino interdisciplinar, que envolva duas ou mais disciplinas. Nesse caso, o ideal seria trabalhar com projetos que retirem o aluno da zona de conforto.

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  7. Minha pergunta:Muito embora, os avanços tecnológico sejam bastantes significativo para o processo de ensino e aprendizagem em sala de aula.Portanto o livro didático ainda é uma ferramenta importante para o professor mesmo diante das novas tecnologias avançadas que estão disponíveis?

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    1. Antonione Antunes dos Santos28 de maio de 2021 às 11:47

      Obrigado pela pergunta. Sim, mesmo com todos os avanços das tecnologias, principalmente nas escolas das cidades pequenas e da zona rural, o livro didático continua sendo a principal ferramenta de estudo e pesquisa, tanto do professor, quando do aluno.

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  8. Os gêneros textuais digitais, contribuem para a produção de novas praticas de interagir com os alunos. Como ampliar a abordagem dos gêneros textuais cada vez mais na relação ensino e aprendizado?

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