Thiago Juarez Ribeiro da Silva

GUIA MEDIEVAL – UMA NOVA MANEIRA DE EXPLORAR CONTEÚDOS RELATIVOS À IDADE MÉDIA PRODUZIDOS POR PESQUISADORES LATINO-AMERICANOS

 

Thiago Juarez Ribeiro da Silva

 

É fato consumado que as ferramentas informáticas desenvolvidas ao longo das últimas décadas vêm mudando a maneira de se pensar e produzir conhecimento histórico. E os estudos medievais são testemunhas exemplares disto. Manuscritos antes inacessíveis ao grande público hoje estão a alguns cliques de distância; edições documentais, outrora impossíveis de serem encontradas em bibliotecas brasileiras em razão ou do seu preço de capa ou do esgotamento de suas tiragens, agora estão disponibilizadas para download em sites especializados; mesmo a produção científica de ponta, em grande parte restrita a um círculo seleto de periódicos, hoje pode ser encontrada em plataformas de compartilhamento de arquivos.

 

Um dos grandes impactos causados por esta “revolução” do digital situa-se mesmo na maneira em que os pesquisadores em História lidam com os dados históricos e historiográficos agora acessíveis. Por exemplo, a iniciativa de digitalização de documentos históricos teve como efeito direto a disponibilidade de uma quantidade massiva de informações históricas que, até então, dificilmente seriam reunidas por um único especialista em razão do tempo, do espaço, da acessibilidade ou dos meios necessários para manejá-los.

 

Hoje, em decorrência dos processos de digitalização e publicação online dos documentos históricos, as limitações de espaço e de acesso vêm sendo paulatinamente amenizadas. Não é incomum vermos projetos como o dMGH (dmgh.de), iniciativa da fundação MGH e da Biblioteca Estadual da Baviera patrocinada pelo DFG alemão, que busca digitalizar e disponibilizar para livre acesso a conhecida Monumenta Germaniae Historica (MGH). Estamos falando de uma coleção dividida em cinco seções principais (AntiquitatesDiplomataEpistolaeLeges e Scriptores) bem como uma Necrologia e alguns volumes mais compactos, para uso escolar (Scriptores in usum scholarum) e estudos especiais (MGH Schriften). São literalmente centenas de milhares de páginas – cerca de 166.000 – de documentos digitalizados.

 

Não é difícil imaginar como este projeto foi bem-vindo pela comunidade de especialistas no mundo europeu do final do Império Romano ao ano 1500. Ao longo de 6 anos (entre 2004 e 2010) os 357 volumes dos MGH até então publicados foram disponibilizados gratuitamente ao público via internet. Para se ter uma ideia do que isso representa, mesmo bibliotecas universitárias brasileiras robustas não possuem mais do que 30% deste total.

 

As limitações de tempo também, embora em ritmo diferente:  ao passo que a quantidade de informações históricas, contidas nos documentos, aumenta substancialmente - chegando ao ponto daquilo que os especialistas em tecnologia da informação convencionaram chamar de Big Data, isto é, quantidades enormes de dados - sua análise requer procedimentos específicos, que, de forma geral, atendem as demandas particulares de um determinado conjunto documental. Nesse sentido, a área (ou campo, dependendo do especialista) das Humanidades Digitais vêm contribuindo sobremaneira, haja vista o desenvolvimento de ferramentas informáticas que permitem aos pesquisadores trabalharem nesse cenário.

 

E essas ferramentas abrangem todo um universo que não se restringe apenas ao trato direto com a documentação. Muitas aplicações lidam, em realidade, com os metadados gerados no bojo da digitalização: autoria, período e local de composição, tradição manuscrita, informações codicológicas, sujeitos associados, bibliografia sobre o documento, entre tantas outras possíveis informações que podem ser atribuídas a um documento ou coleções de documentos. Um excelente exemplo desse tipo de ferramenta é o Repertorium (geschichtsquellen.de), que traz informações diversas de documentos medievais “alemães” compostos entre os anos 750 e 1500.

 

À medida que o interesse e financiamentos de projetos como estes aumentaram - o que, por consequência, aumentou também o número destes recursos - viu-se a necessidade, inclusive, de se criar agregadores destas aplicações, uma vez que por tratarem de nichos (uma determinada coleção documental, ou um período ou região específica, por exemplo), elas se encontram dispersas pela internet. Com os agregadores, isto é, páginas web que buscam centralizar num só local, indicações, atualizações ou notícias sobre os estudos medievais e suas ferramentas correlatas, torna-se mais fácil para o público interessado encontrar e descobrir o que precisa. A plataforma francófona Ménestrel (menestrel.fr) é um ótimo exemplo desse tipo de iniciativa.

 

E isto nos leva ao propósito deste texto: apresentar ao público do 7º Simpósio Eletrônico Internacional de Ensino de História o Guia Medieval (usp.br/guiamedieval), ou simplesmente Guia. Gostaríamos de discutir seu processo de criação e maturação e os propósitos imaginados para esta ferramenta. De certa forma, o Guia se enquadra na categoria de aplicações que trabalham com metadados sobre o período medieval, uma vez que seu motor-chefe não é produzir conteúdos per se (mesmo que ele abrigue o podcast Estudos Medievais), mas facilitar o acesso a estes conteúdos.

 

No ano de 2021, o Guia Medieval completará 6 anos de existência. Mas, a bem da verdade, sua história vai mais longe. As discussões iniciais, capitaneadas por Marcelo Cândido da Silva, professor da USP e coordenador do Laboratório de Estudos Medievais (LEME), datam ao menos de 2013. À época, as conclusões foram as seguintes: há uma produção crescente em História Medieval no Brasil, ao mesmo tempo que seu acesso ainda seria bastante restrito. Propôs-se, então, a criação de uma ferramenta que juntasse esse material, aumentando assim sua visibilidade e acesso. A proposta foi aprovada num Edital Universal do CNPq em 2014, tendo a publicação de sua primeira versão já em 2015 (Figura 1).

 


Figura 1: Frontispício da primeira versão do Guia Medieval em 2015. Fonte: Arquivo pessoal.

 

A primeira versão do Guia Medieval contava, essencialmente, com duas formas de exploração do conteúdo nele indexado: a busca avançada, na qual filtros de pesquisa determinavam o resultado obtido pelo usuário, e a linha do tempo, no qual era possível explorar o conteúdo a partir de um filtro temporal delimitado por séculos. Programado em PHP 5.6 (o mais recente à época), o site apresentava satisfatória navegação. Mas, ao longo dos anos, a rigidez da plataforma (refletida na lentidão com que os conteúdos eram publicados e na falta de responsividade a ambientes mobile, como smartphones e tablets, que hoje representam a maior parte dos meios pelos quais as pessoas acessam a internet), tornaram necessário seu aprimoramento.

 

Foi assim que, recorrendo novamente ao Edital Universal do CNPq, a nova versão do Guia Medieval tomou forma em 2020 (Figura 2).

 



Figura 2: Frontispício da segunda versão do Guia Medieval, lançado em 2020. Fonte: usp.br/guiamedieval


 

Mais flexível, o Guia Medieval continua sua missão de indexar conteúdos produzidos em História Medieval, agora não restrito àqueles do Brasil, mas também em toda América Latina. Essa catalogação teve início pela produção científica brasileira, e hoje inclui uma variedade de recursos, que vão dos tradicionais livros e artigos, mas também passam por podcasts e vídeo-aulas. Tal iniciativa já mostra resultados: dos 308 conteúdos indexados na versão anterior do Guia, contam-se atualmente cerca de 1.850, ou seja, um aumento de 600% no conteúdo abrigado pela plataforma.

 

As formas de acesso ao conteúdo dentro do Guia também foram melhoradas. Acrescentou-se uma página “Mapa” onde as entradas são dispostas ao usuário num mapa global de acordo com seu georreferenciamento (Figura 3).

 



Figura 3: Página “Mapa” com os conteúdos georreferenciados no Guia Medieval. Fonte: usp.br/guiamedieval

 


Cada “cluster” (assinalados nas cores azul ou amarela na Figura 3) representa um conjunto de entradas georreferenciadas. Elas vão se “quebrando” à medida que o usuário aumenta o zoom em determinada região, apresentando todos os conteúdos presentes naquela localidade. Vê-se também que o “Mapa” ganhou novos filtros de operação: “Séculos”, “Temas” e “Recursos”. Tais operadores permitem ao usuário precisar melhor seus interesses enquanto estiver navegando na página, seja indicando um período de referência, um tema de interesse específico (como “Cristianismo”) ou um recurso prioritário (como artigos).

 

A Linha do Tempo também mudou. Além de ser ampliada (cobrindo agora do século 5 ao século 16), ela ganhou uma nova seção chamada “A Idade Média depois da Idade Média” onde são incluídos materiais que não têm por objeto temas do período medieval per se, mas sobre a Idade Média em geral, como a discussão da presença de História Medieval na Base Nacional Comum Curricular ocorrida no Brasil nos últimos anos (Figura 4).

 


Figura 4: Página “Linha do Tempo” do Guia Medieval. Fonte: usp.br/guiamedieval

 

Tal como na página “Mapa”, a “Linha do Tempo” também ganhou filtros específicos de navegação. Desta vez, “Espaços”, “Temas” e “Recursos”. Os três funcionam de modo semelhante ao comentado anteriormente, com exceção de “Espaços” que, neste caso, delimita dentro da página “Linha do Tempo”, regiões de acordo com o interesse do usuário.

 

Mesmo a busca foi aprimorada quando comparada à antiga versão do site. Agora chamada de “Explorar” (Figura 5), ela visa justamente isto: que o usuário explore os conteúdos do site do modo que lhe for mais conveniente. Isso porque, além dos filtros já mencionados (e operantes por todo o site), todas as entradas passaram a receber também palavras-chave, isto é, indicadores sumários das atribuições que elas têm no ambiente. Assim, é possível relacionar um conteúdo com outros no Guia, mesmo que estes últimos não fizessem parte da busca original do usuário. Por exemplo, ao se buscar por “Igreja”, é possível filtrar esta pesquisa por século, por região, por tema ou por recurso (como artigos, livros ou podcasts) ou todos juntos! Com o apoio das palavras-chave, atribuídas a cada entrada no Guia Medieval, o usuário ainda pode verificar quais outros conteúdos indexados podem se relacionar ao que foi pesquisado.

 

 


Figura 5: Página “Explorar” do Guia Medieval. Fonte: usp.br/guiamedieval

 

Dessa forma, espera-se que o usuário seja atendido não somente em seu questionamento inicial, mas também tenha a curiosidade de investigar materiais relacionados a ele, estabelecendo assim conexões não previstas antes da primeira pesquisa.

 

Essa abertura à curiosidade, estampada já na página inicial do  Guia com a pergunta “O que você quer saber sobre a Idade Média?”, vai de encontro ao que alguns especialistas da relação entre as ciências humanas e o universo da informática vêm chamando atenção há algum tempo (e. g. KOH 2015; SAYERS 2016): o fato de que o envolvimento com as Humanidades Digitais não deve se resumir ao entusiasmo pela digitalização e disponibilização de documentos, mineração de dados ou aplicações 3D. É certo que estas funcionalidades têm trazido avanços notáveis para os estudos em humanidades, inclusa aí também a área de ensino. Mas a preocupação com as implicações da tecnologia também deve estar no horizonte de quem pesquisa e produz conhecimento histórico, afinal todas essas ferramentas digitais são, no fim, exatamente isso: instrumentos. Cabe aos historiadores e demais profissionais da área de Humanas dar sentido ao seu uso.

 

Um processo que pode ir (e deve!) muito além dos muros das universidades. Por sua natureza digital e online, o Guia já nasceu no ambiente vasto que é a internet, acessível de qualquer lugar. E isto não é mera retórica. Do lançamento de sua nova versão em novembro de 2020 até hoje, o Guia Medieval tem registrado protocolos de internet (cuja sigla, em inglês, é IP e grosso modo representa o endereço de um dispositivo na rede mundial de computadores) localizados em 52 países espalhados pelo globo, e entre os mais assíduos, estão justamente visitantes de países lusófonos (além de Brasil e Portugal, os primeiros do ranking, conta-se também Moçambique, Cabo Verde e Angola em 4º, 6º e 14º em número de acessos respectivamente).

 

Ainda não é possível fazer um recorte dos usuários do Guia, pois não se tem dados concretos sobre isso no momento. Mas é possível imaginar que, por abrigar um material majoritariamente acadêmico, grande parte do público do site seja desse nicho (de graduação ou de pós-graduação). No entanto, espera-se que ele também seja utilizado por professores de qualquer nível escolar, uma vez que os materiais indexados na plataforma podem auxiliar no estudo e preparação de aulas, e mesmo pelos alunos destes períodos de ensino. O interesse de sites voltados ao público do Ensino Médio, como demonstrado em matéria recente publicada no Guia do Estudante (DIAZ 2020), dá uma dimensão de que isto seja possível.

 

E isto é muito importante se pensado o panorama atual de disseminação de informações. Num momento em que redes sociais tomam o lugar de veículos tradicionais no consumo de notícias e, concomitante e em provavelmente em decorrência disto, as fake news se tornam um problema endêmico, disponibilizar informações de qualidade é uma dupla responsabilidade. Primeiro por apresentar conteúdos de origem científica, ou seja, verificado por pares dentro do meio acadêmico e atestando, assim, sua confiabilidade; e segundo por, ao divulgá-lo, valorizar as universidades que abrigam estes pesquisadores. Tal postura é essencial para se contrapor às apropriações rasteiras, cujos exemplos recentes são numerosos demais para listar aqui, que o período medieval tem sofrido. É aí também que se situa a atuação do Guia Medieval hoje.

 

Referências biográficas

 

Atualmente é Pesquisador de Pós-Doutorado em História Econômica e Social na Universidade de São Paulo (USP). Doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e em Histoire, histoire de lart et archéologie pela Université Libre de Bruxelles (ULB), Bélgica. Pesquisador vinculado ao Laboratório de Estudos Medievais (LEME - USP/Unicamp/UNIFESP/UFMG/UFG) e ao Centre de Recherche histoire, arts, cultures et sociétés Anciennes, Médievales et Modernes (SociAMM, ULB); Bolsista FAPESP (Processo 2018/11355-8). Tem experiência na área de História, com ênfase em História Medieval, atuando principalmente nos seguintes temas: Antiguidade Tardia, Alta Idade Média, história da Igreja, reinos pós-romanos (franco, visigodo), carolíngios, fontes normativas (capitulares, leis, cânones conciliares), pobres e pobreza, séculos IV a IX. 

 

Referências bibliográficas

 

KOH, Adeline. A letter to the Humanities: DH will not save you. Hybrid Pedagogy. 2015. Disponível em: https://hybridpedagogy.org/a-letter-to-the-humanities-dh-will-not-save-you/.

 

SAYERS, Jentery. Dropping the Digital. In: GOLD, Matthew K., KLEIN, Lauren. Debates in the Digital Humanities. Minnesota: Univ Of Minnesota Press, 2016. Disponível em: http://dhdebates.gc.cuny.edu/debates/text/88.

 

DIAZ, Luccas. USP lança guia sobre a Idade Média. Guia do Estudante, 2020. Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/usp-lanca-guia-sobre-a-idade-media

13 comentários:

  1. Olá Thiago, muito obrigado pela contribuição e pela participação.

    Sobre o guia e a popularização da História Medieval: algumas pesquisas conduzidas pelo Depto. de Ensino de História de Stanford nos anos 1990 mostraram que existe uma grande distância entre a linguagem da história acadêmica/profissional e a capacidade de leitura dos educandos do Ensino Básico. Para dar conta do problema, um novo currículo foi formulado, que previa, por exemplo, a adaptação de fontes, a utilização de textos mais curtos e simples etc.

    Neste sentido, como o Guia tem lidado com as demandas desse público?

    Abraços,

    Renan Birro

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    1. Olá, professor Renan! Obrigado pela recepção e pela pergunta.


      O Guia é um indexador. Como tal, ele se ocupa mais da correta catalogação, acesso e correlação dos materiais nele presentes do que uma editoração de conteúdos -- que são, em essência, produzidos por profissionais filiados à instituições de ensino superior latino-americanas.


      Dito isso, acreditamos que ao oferecer múltiplas formas de explorar esse conteúdo (seja na busca por palavras, numa pesquisa cronológica ou numa visualização georreferenciada), o Guia pode auxiliar na demanda desse público. Especialmente pelo fato de que as informações nele ofertadas têm chancela científica, dada a origem do material catalogado.


      Abraços!

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  2. Olá, ao ver o nome desse escrito me interessei por ser alguém que aprecia o estudo medieval. Esse meu apreço se aprofundou com o curso de história no qual me encontro, e também as disciplinas do período Medieval. O conhecimento da ferramenta de busca e indexação aqui mostrada foi para mim algo novo e que pode me auxiliar muito em minha caminhada acadêmica.
    Porém, tenho certas limitações visuais que me fazem precisar de leitores de tela para ter acesso a conteúdos escritos. Minha dúvida é se ao se fazer essa repaginação do site, foi levada em consideração uma acessibilidade efetiva para aqueles usuários que possuem alguma deficiência visual?

    Rafael D’Abadia Melo

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    1. Caro Rafael, obrigado pelo comentário e fico feliz pelo interesse no Guia Medieval. Espero que ele lhe seja útil! E nos conte se for!


      Nós levamos em consideração sim toda forma de acessibilidade do Guia. Daí ele ser totalmente responsivo a ambientes móveis, por exemplo. Infelizmente, os recursos não foram suficientes para implementar todas as ideias. Mas consideramos alguns testes. O Guia, por exemplo, é acessível em aplicativos como o CPqD+ Alcance, que permite a leitura das informações em tela do smartphone.


      Se você tiver uma sugestão ou demanda específica, por favor, não hesite em comentar. Certamente será levada em consideração num próximo aprimoramento do site.


      Abraços!

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  3. Olá Thiago!

    Eu gostaria de desenvolver um pouco melhor a seguinte discussão: de que maneira você acha que uma iniciativa como a do Guia pode impactar o Ensino de História Medieval na Educação Básica? Você acha, por exemplo, que ele pode favorecer a mitigação das defasagens verificadas entre o avanço das pesquisas científicas, feitas no âmbito universitário, e aquilo que os livros didáticos brasileiros continuam abordando?

    Mais: você acha que o Guia pode ajudar na atualização científica e na formação continuada dos professores da Educação Básica? Na prática, como você acha que esses professores podem mediar a utilização do Guia por estudantes no nível básico de ensino?

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    1. Olá, Felipe, obrigado pelas questões.


      Sobre o impacto do Guia no ensino de História Medieval na Educação Básica e seu papel em mitigar defasagens entre academia e livros didáticos: minha visão é de que o Guia tem potencial para isso, mas não depende do trabalho desenvolvido propriamente nele. Como o Guia não tem caráter enciclopédico, ao menos por ora, a síntese necessária para isso está na reflexão e propósitos desenvolvidos pelo usuário. E isso me leva à sua segunda questão.


      Acredito firmemente que o o Guia Medieval pode ajudar na atualização científica e na formação continuada dos professores da Educação Básica. Isso porque ele cataloga e indica como acessar, quando possível, o que vem sendo produzido nas universidades latino-americanas na área dos estudos medievais.


      É difícil precisar como um professor da Educação Básica pode "mediar" o acesso do conteúdo indexado no Guia por seus alunos. A realidade de educação brasileira é diversa demais para encontrar um denominador comum -- mesmo que a BNCC venha para cumprir esse papel, sabemos que só na dualidade educação pública e privada, a prática é bem distinta.


      Ainda assim é possível vislumbrar dois papéis do Guia nisso: 1) na tomada de conhecimento e acesso do próprio professor a conteúdos atualizados sobre o que ele venha abordar em sala de aula, seja lendo um artigo, ouvindo um podcast ou assistindo um vídeo do tema; 2) na própria curiosidade do aluno em explorar os materiais indexados no Guia. Veja, a pergunta que abre o site não está lá à toa. Ela é um convite. E um convite sem restrições.

      Abraços!

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    2. Muito obrigado, Thiago! Excelentes pontuações!

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  4. Willyan da Silva Caetano27 de maio de 2021 às 16:27

    Boa tarde Thiago!

    Interessante saber desse Guia sobre a História medieval. Sabemos que na Internet podemos encontrar uma grande quantidade de informações. Muitos estudantes sentem-se nesse oceano de dados. Você acredita que esse catálogo de materiais contribui para direcionar a pesquisa do aluno da educação básica e de que modo pode ajudá-lo a não apenas copiar informações fragmentadas mãe construir seu próprio conhecimento?

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    1. Olá, Willyan! Obrigado pelo comentário e pergunta.

      Só pontuando: o Guia não é sobre História Medieval. Ele é um guia sobre estudos medievais. A diferença pode ser sutil, mas importante.

      De fato, um dos motivos da criação do Guia foi justamente para se contrapor a esse "mar" de informações (muitas vezes afirmações!) sobre o período medieval, mas que nem sempre são confiáveis.

      Isso não quer dizer que o conteúdo do Guia é inquestionável. Pelo contrário. Como fruto dos ambientes acadêmicos nos quais foram elaborados, todos os conteúdos são passíveis de questionamento. E tenha a certeza que nós, da equipe do Guia, ficaremos felizes em contar com esse conteúdo no site.

      Sobre sua questão, é muito difícil prever esse tipo de comportamento. Acredito que, à medida que os conteúdos vão sendo disponibilizados, que os estudantes podem ter contato com essa produção (muitas vezes disponíveis gratuitamente na internet), algum tipo de direcionamento possa ocorrer. Mas vejo isso vindo do próprio usuário do que Guia. Então, há potencial sim para que o usuário construa por si mesmo seu conhecimento sobre a Idade Média.

      Abraço!

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  5. Boa noite, excelente texto. Como você disse no texto, que uma guia medieval continua sua missão de anexar conteúdos produzidos em História Medieval, não apenas no Brasil, mas também em toda América Latina. Graças a catalogação científica brasileira , e hoje inclui uma variedade de recursos, como livros e artigos. Acreditando nesse ponto, você acha que iria ser importante o processo de implantação de uma guia medieval nas salas de aulas da América do Sul? E sabendo disso, quais seriam os benefícios que uma guia medieval iriam excesser sobre a vida dos estudantes?
    PS: Kaio barros de souza

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    1. Olá, Kaio!

      Obrigado pelo comentário e pergunta.

      Não sei se compreendi muito bem sua questão. De modo geral, a minha opinião (Thiago) é de que toda ferramenta que torne acessível o conhecimento (seja de qual área for) é bem-vindo. Mas eu não incorreria no campo da "necessidade". Há coisas mais importantes para resolver na educação nesse momento.

      Sobre o papel que o Guia pode exercer na vida dos estudantes, como disse anteriormente a um colega aqui mesmo nesse espaço, é difícil prever esse tipo de situação. Até porque a nova versão tem praticamente 6 meses apenas. É pouco tempo para medir esse impacto.

      Há, porém, o que se almeja e trabalha para isso, que é tornar o Guia um local de referência para os interessados pelos estudos medievais. Junto a isso, valorizar a produção (crescente!) dos pesquisadores brasileiros e latino-americanos na área, além das instituições de ensino superior que tornam esse trabalho possível. Se, ao fim e ao cabo, o Guia auxiliar um aluno de graduação a aprofundar seu conhecimento sobre o período medieval, ou a um professor do ensino básico a preparar uma aula melhor, ou a um candidato a se preparar para um concurso, estaremos satisfeitos.

      Abraço!

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  6. Olá. Sou Eliana. Foi muito bom saber que existe um material tão precioso publicado e catalogado, pois até então, eu não sabia que esse guia de história medieval existia. Este guia é uma contribuição perfeita para que não percamos as raízes da história medieval que parece não ser importante mas que pode revelar a origem de muitos fatos que hoje vivenciamos na aprendizagem da história em geral.

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    1. Olá, Eliana! Obrigado pelo comentário.

      Fico feliz pelo seu entusiasmo com o Guia. Mas o grande mérito está nos pesquisadores, brasileiros ou não, que continuam se esforçando em desenvolver o campo dos estudos medievais, em que pesem as condições muitas vezes adversas -- para dizer o mínimo.

      Abraço!

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